A ideia de Deus como base


 Deus existe, mas não é a concepção que as religiões pregam...


Reflexões sobre a Existência e a Morte

É uma alegria tê-lo de volta à comunidade, Carlos. Tentarei ser concisa, embora a amplitude deste tema mereça uma análise profunda. Até o presente momento,ao meu ver , Deus existe apenas como um conceito e ato cognitivo, resultando na multiplicidade de nomes e na diversidade de preceitos.

Nossa natureza essencialmente criativa não nos permite total controle sobre nossa mente. Essa falta de controle contribui profundamente para as concepções religiosas, uma vez que nossa fisiologia rejeita espaços vazios e lida com a certeza da morte. No entanto, a certeza da morte afeta nossa fisiologia de maneira ostensiva, mesmo que nosso corpo decaia desde o nascimento.

A presença de ateus em setores artísticos, científicos e filosóficos pode estar relacionada à capacidade criativa direcionada para ilusões. Essa competência profissional pode fornecer estrutura psíquica para consolidar a escolha ateísta. Nesta comunidade, onde a inteligência cognitiva é abundante, a tendência às crendices é mitigada.

Lidando com a Morte de Entes Queridos: A Natureza da Fé

Como ser humano, não posso descartar a possibilidade de, diante de eventos extremos como os mencionados, ser sujeita a momentos de fragilidade e ser acometida pela "fé de desespero". Para mitigar uma química psíquica insuportável na dor, uma reação fisiológica pode fazer a mente funcionar independentemente da racionalidade. Nesses momentos, ilusões podem surgir para buscar amparo, frequentemente alinhadas a crenças culturais e religiosas.

Quando confrontados com desafios extremos, nosso psiquismo pode criar ilusões para fornecer um alívio temporário da dor. Por exemplo, pessoas no deserto, carentes de água, podem ter ilusões de oásis próximos, impulsionando-as a continuar em busca de sobrevivência. Analogamente, a crença em um ser superior pode ser um mecanismo de escape que tem uma base fisiológica e se sustenta psicologicamente. Acredito que nossa espécie, em sua maioria, possui uma tendência à insustentabilidade estrutural em seu psiquismo. Nesse contexto, o ateísmo pode não ser natural para nós.

É interessante considerar a ideia de que a crença em Deus pode servir como distração ou autoerotismo mental em face de demandas psíquicas esmagadoras. Como brincar de faz de conta ou criar fantasias sexuais, a crença em Deus pode funcionar como um escape. Tive experiências pessoais com perdas próximas, e elas fortaleceram meu ateísmo. A dúvida me move mais do que a certeza, e confio mais nela. Em um mundo saudável, continuarei assim. Se existe um Deus, ele deve ser Panteísta.

Alba Regina / Setembro de 2021


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