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Navegando nas Ondas Contemporâneas: Entre a Toxicidade e a Individualidade

No mundo contemporâneo, somos inundados por uma avalanche de ideias, sons e imagens, muitas vezes carregando conteúdos tóxicos. O sujeito imerso nesse cenário muitas vezes luta para escapar, pois é quase impossível ativar nossos sistemas naturais de filtragem em um estado de vigília constante.

Essas experiências frequentemente se internalizam antes mesmo que possamos desejar evitá-las, ou que tenhamos a chance de impedir que se registrem em nosso eu. Um exemplo disso é quando mudamos de canal e nos deparamos com a imagem de um jornalista sendo decapitado. Não há escapatória imediata, mesmo que tentemos ignorar. A imagem já fez seu registro, transformando-nos em cúmplices, vítimas e algozes. Além da banalização da violência, algo mais sombrio começa a se desenrolar e nos afetar.

A dificuldade reside em atribuir um significado que se encaixe em nosso processador interno. Quando conseguimos fazê-lo, grande parte da preocupação é aliviada. No entanto, cada indivíduo possui sua própria forma singular de representação e uma capacidade de absorção que varia de pessoa para pessoa. Essas diferenças individuais podem tornar o ser humano refratário a si mesmo, pois além daquilo que ele conscientemente compreende, existem marcas que aderem à sua Estrutura de Pensamento, ecoando sem que o sujeito perceba a fonte dessas consequências ou respostas.

Vivendo no mundo, não há como escapar dele. Nossas experiências moldam-nos, deixando resíduos que influenciam nossa percepção e interação com o ambiente. No entanto, ao compreendermos a complexidade desse processo, podemos começar a desenvolver uma maior consciência de como essas influências nos afetam e trabalhar para cultivar uma abordagem mais consciente e saudável diante do constante fluxo de estímulos contemporâneos.

Alba Regina Bonotto / Agosto de 2021

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